Uma audiência pública promovida pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, em Brasília, deve iniciar uma discussão sobre um possível financiamento público aos Campeonatos Brasileiros das Séries B, C e D. De acordo com o Painel FC da Folha de S. Paulo, há a possibilidade de repasse de um percentual das loterias aos clubes destas divisões, nos próximos anos.


A reunião contará com a presença do diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio, além de dirigentes dos clubes das três divisões, representantes da Federação Brasiliense de Futebol (FBF) e um representante da Caixa Econômica Federal, responsável pela operação de jogos lotéricos no Brasil.
A ideia é de que as três divisões inferiores do país, que hoje são deficitárias, recebam uma ajuda do poder público. Para tanto, um especialista convidado, Pedro Trengrouse, coordenador do curso Fifa/FGV, tentará mostrar a deputados e senadores a importância do futebol para o país e sua cadeia produtiva.
Hoje, o futebol brasileiro vive um cenário de grande desigualdade entre os clubes grandes e os demais. Os times que disputam o Brasileirão, além de todos os ganhos com publicidade, fecharam acordos individuais por cotas de TV. Corinthians e Flamengo, por exemplo, recebem mais de R$ 100 milhões anuais da TV Globo.
Por outro lado, mesmo estando na mesma divisão, clubes como Criciúma, Náutico, Ponte Preta e Portuguesa recebem o piso da TV Globo, com valores que giram entre R$ 20 e R$ 30 milhões. No meio, há vários grupos que recebem cerca de R$ 80 milhões, R$ 50 milhões e R$ 35 milhões.
Outro lado da moeda
O cenário na Série B já é outro totalmente diferente. Com exceção de Palmeiras e Sport – que fecharam com a Globo por R$ 70 milhões e R$ 25 milhões, respectivamente -, todos os demais 18 clubes recebem uma cota de R$ 3 milhões por cerca de sete meses de competição. A CBF arca apenas com os gastos com exame antidoping e arbitragem.
Nas Séries C e D, o déficit é ainda maior. Os clubes não recebem cota alguma. A CBF apenas arca com os gastos de taxa de arbitragem, exames antidoping, transportes e hospedagens das delegações. Fato que faz muitos clubes desistirem de disputar a Série D.
Caixa no futebol
Recentemente, a Caixa anunciou uma parceria com o Ministério do Esporte para patrocinar o futebol feminino. A estatal foi a grande responsável pela viabilização do primeiro Campeonato Brasileiro Feminino, que está sendo realizado desde do dia 18 de setembro e irá até 4 de dezembro.
Esta, contudo, não é a primeira ação da Caixa dentro do futebol. A estatal investe mais de R$ 100 milhões em patrocínios a clubes nacionais. O acordo mais oneroso aos cofres da empresa é com o Corinthians, que recebe anualmente R$ 31 milhões. O segundo colocado no ranking é o Flamengo, com R$ 25 milhões, seguido pelo Vasco, com R$ 15 milhões.
Os demais acordos são bem mais modestos. Na quarta posição, estão três clubes. Vitória, Coritiba e Atlético-PR recebem R$ 6 milhões cada um. O Atlético-GO ganha por ano R$ 2,4 milhões, enquanto Avaí e Figueirense abocanham R$ 1,75 milhão. Os últimos são Chapecoense e ASA, com R$ 1 milhão.
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