A forma como a FPF mudou o regulamento com a bola rolando ao inverter
o mando de campo do Sport – e futuramente o do Santa – para a Arena
Pernambuco, em dois clássicos contra o Náutico, foi arbitrária e
indefensável, e acabou contribuindo negativamente em um debate que é
importante para o nosso futebol e também para o nosso bolso.
Afinal, necessariamente não quer dizer que a ideia de os três clubes mandarem seus jogos lá é um absurdo.
Nunca é demais lembrar que, desde o inicio, a “conta” da Arena só
fechava com a participação dos três da Capital. Isso foi dito e repetido
nas dezenas de entrevistas que o então secretário da Copa, Ricardo
Leitão, cansou de proferir antes da entrega do equipamento, em 2013.
Com o contrato fechado só com o Náutico, a tal “conta” não fecha. E
como o Governo – leia-se, nós contribuintes – somos o fiador desse
empreendimento, a cada prejuízo anual o rombo é tapado com o dinheiro de
nossos impostos.
Não é necessariamente culpa do Náutico, como vem se falando, que não
conseguiu ainda atrair seus torcedores a pegarem a BR rumo à Arena.
Mesmo se o Alvirrubro fizesse a sua parte, a engenharia financeira do
empreendimento estaria sob risco, pois sempre contemplou a participação
dos três clubes.
A Arena tem sido paciente, até porque prejuízo não vem tendo, na
busca dos os outros dois pretendentes de mansinho. O primeiro de ambos a
aderir deve ser o Sport, caso leve em frente a construção da própria
arena. E como o Santa também cogita em ampliar o Arruda, o pessoal do
“Consórcio” está esfregando as mãos.
Ir para a Arena, ainda de acordo com o plano original envolvendo os
três grandes, não seria o fim dos antigos estádios como palcos para os
jogos, afinal, é improvável que Náutico, Sport e Santa mandassem todos
os jogos lá. Haveria, fatalmente, choque de datas. Com isso, cada clube
chamaria cerca de 20 partidas na temporada, podendo realizar as demais
onde bem entendesse.
Repito: esse era o plano original, não sei como ele seria desdobrado
com o cenário de o Náutico ter sido o primeiro a assinar o contrato.
Um dos problemas envolvendo esse cenário esbarra na mobilidade, pois
até agora ninguém explicou o que danado aconteceu para o metrô passar ao
lado da Arena, e não, chegar até lá. Houve tanto puxadinho nas obras da
Copa, não custava nada mais um, e ao contrário dos demais, por um ótimo
motivo.
Pessoalmente, eu acho que a Arena como “lar” dos três clubes é uma
questão de tempo. Como a urgência cada vez maior dos clubes em correr
atrás de dinheiro, o poder econômico vai conseguir aos poucos dobrar os
cartolas, de maneira menos rude do que foi agora, alterando sem a mínima
cara-de-pau o regulamento a seu favor. Mas que serviu muito bem para
mostrar a força que tem.