Último jogo no Arruda foi um 0×0 sem grandes emoções. Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem
Arruda, 29 de março de 2009. Cinco anos e quatro meses se passaram e
nesse hiato o Náutico não sabe mais o que é vencer o Santa Cruz dentro
do Arruda. Logo o José do Rego Maciel, palco de tantas glórias
alvirrubras apesar de ser a casa dos corais. O período registra seis
encontros entre os tradicionais rivais com três vitórias corais. O timbu
colheu pontos apenas com três empates.
Esse é o tabu de vitórias, à primeira vista nada tão acachapante
quanto os dez anos que os timbus tinham sem vencer o Sport na Ilha do
Retiro. Por sinal, tabu devidamente reduzido a pó com dois triunfos por
1×0. O que pega nessa escrita contra o Santa é a inanição de gols dos
vermelho e brancos. Nos últimos três jogos, o time de Rosa e Silva
sequer conseguiu balançar as redes. Cronologicamente, essas partidas
configuram dois anos.
Aquele 3×1 de 2009 foi construído com os pés do lateral-esquerdo
Édson Miolo. Recém chegado da Polônia, o jogador penou com diversas
lesões musculares mas, pelo visto, elas não afetaram a pontaria de sua
canhota. Com dois gols de falta aos 23 do primeiro tempo e 18 do
segundo, ele deixou o timbu em vantagem por 2×1 até o atacante Gilmar
dar o tiro de misericórdia aos 47 da etapa final.
O mais curioso é que o clube alvirrubro vinha de uma crise técnica.
Roberto Fernandes, que ajudara a salvar a equipe do rebaixamento para a
Série B pela segunda vez seguida no ano anterior, saiu na segunda rodada
do segundo turno. Sérgio China, técnico dos juniores, assumiu
interinamente e foi tão bem que chegou a ser efetivado. Apesar dos bons
resultados, a diretoria sempre procurava um técnico de fora. Na vitória
sobre o Santa, a vinda de outro profissional já estava começando a ser
costurada. Na rodada seguinte, diante do Vitória, ele comandou seu
último jogo antes da chegada de Waldemar Lemos.
“Foi uma preparação normal para o jogo. O grupo era muito bom e o
time vinha numa situação favorável”, disse, referindo-se ao bom
retrospecto na ocasião. Mas é claro que ele concorda num ponto: é jogo
diferenciado, que, embora valha os mesmos três pontos de todos outros,
dá uma motivação extra para a sequência da competição.
Por isso, a estratégia tem que ser bem definida. “É muito importante
trabalhar os pontos fortes, cada jogador está com o foco bem ajustado.
Quem errar menos tem mais chances de sair vencedor”, comentou China.
Voltando à sequência negativa, ela começou no Pernambucano de 2010,
quando Brasão comandou a vitória coral por 4×2 na fase de classificação.
Os dois times ainda se enfrentariam no Colosso pelas semifinais e houve
empate por 0×0. Mesmo sem vencer, o Náutico se deu bem. Como venceu o
primeiro jogou avançou à final contra o Sport.
Em 2011, os alvirrubros marcaram seus últimos gols no Arruda em 45
minutos que já estão na história do Campeonato Pernambucano. Seis gols,
duas viradas e o empate por 3×3 ao apito final da primeira etapa que
perduraria até o fim do jogo. Depois disso, o timbu só passou em branco.
Deu Santa por 1×0 na fase classificatória do Estadual de 2012 e na
semifinal de 2013. Nos dois jogos, Renatinho fez o gol da vitória. Este
ano, o único encontro no Arruda terminou num insosso 0×0.
TÍTULOS – Apesar de o retrospecto recente ser desfavorável, o Arruda
tem trazido boas lembranças aos alvirrubros. Após o hexacampeonato
(63/68), os timbus foram campeões sete vezes: 1974, 1984, 1985, 1989,
2001, 2002 e 2004. Nessas sete oportunidades o adversário foi o Santa e
apenas na primeira a conquista foi nos Aflitos. Portanto, um torcedor
alvirrubro de 50 anos viu seu time levantar taças bem mais vezes no
Arruda.