| Marlon atuou no time coral por dois anos e foi destaque no Pernambucano de 1986 |
Também chutava com as duas pernas. Sem medo de receber uma pancada, ele ficou conhecido como o Endiabrado. Entre lances de efeito e gols, o ex-atacante marcou a sua passagem pelo Mais Querido. Foram menos de dois anos no clube. Mas o tempo foi suficiente para ele se apaixonar por Pernambuco e fincar raízes no estado e na memória do torcerdor coral.
Chegada ao Santa Cruz
A chegada de Marlon ao Mundão do Arruda se deu por meio do treinador Nécio Guedes. Com passagem pelo futebol do Rio Grande do Sul, o comandante coral indicou o atleta. “Eu era do Guarani e estava emprestado ao Esportivo. Fiz um bom Campeonato Gaúcho e acabei indo pra o Santa Cruz graças a Nécio Guedes”, lembra.
| Marlon era caçado pelos adversários |
Nesse Brasileiro, o Santa realizou desastrosa campanha, ocupando a penúltima posição entre os 44 clubes. Apesar disso, Marlon fez o seu papel. Foi o artilheiro do Tricolor com oito gols em 16 partidas disputadas.
Pesadelo do Sport
A passagem de Marlon pelo Santa Cruz também ficou marcada pelas grandes atuações em clássicos. Em especial, contra o Sport. Um exemplo foi o Clássico das Multidões de 1985, pelo final do segundo do Estadual. A vitória de 2 a 1 saiu na prorrogação. Ele marcou um gol no tempo normal e outro no tempo extra.
“Esse jogo foi muito importante. O time do Sport era muito bom. Jogar nar Ilha não era fácil. Estava com o tornozelo muito inchado. Fiz testes e o médico vetou. Chegou Zé Neves (ex-presidente) e disse que eu tinha que ir pra o jogo. Estávamos perdendo de 1 a 0 e estava com medo de jogar. Mas Deus foi muito bom comigo”, recorda.
Jogo Pró-Marlon
Ambientado ao Arruda e querido pela torcida, Marlon estava com o contrato de empréstimo perto do final. Teria que retornar ao Guarani. A diretoria do Santa Cruz, no entanto, fez um esforço para manter o atleta no clube. Marcou um amistoso com o CRB. A partida acabou em 3 a 3. O atleta teve atuação discreta. Porém, o mais importante estava nas arquibancadas. A presença da torcida ajudou a garantir a renovação de contrato. “Teve sorteio de carro e eletrodoméstico. Nunca tinha visto aquilo. É por isso que eu digo que sou mais bem tratado aqui do que na minha terra natal Marília (interior de São Paulo).”
Único título no Tricolor
Em 1986, o Santa Cruz conseguiu um histórico título estadual na Ilha do Retiro. Foi a decisão em que a bandeira coral acabou fincada no campo pelo ex-presidente José Neves. Na partida, o goleiro Birigui foi um dos grandes destaques. Mas, para muitos, o craque do time na competição foi Marlon. Artilheiro do Mais Querido da competição com dez gols, ele ficou atrás apenas de Luís Carlos, ídolo do Sport.
| No Arruda, Marlon veste camisa do Brasil |
Convocação para a Seleção Brasileira
Em 1986, a boa fase vivida por Marlon lhe rendeu um dos momentos mais mágicos de sua carreira. Ele foi convocado para defender a Seleção Brasileira no Campeonato Sul-Americano, disputado no Chile. “Fomos convocado eu e Lula (zagueiro) para uma preparação de 40 dias no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. Depois, Lula foi cortado. Eu fui o único do Nordeste”, lembra, com o orgulho. Marlon ficou no banco de reservas no primeiro jogo, mas foi titular nas três partidas seguintes. O Brasil acabou eliminado nas semifinais durante a disputa da cobrança de pênaltis com a Colômbia.
Retorno e despedida do Santa
Após prestar serviços para a Seleção Brasileira, Marlon retornou ao Arruda. Ele não imaginava, porém o jogo contra o Goiás, no dia 10 de dezembro de 1986, foi o último com a camisa Tricolor. Pouco depois, ele foi vendido ao Sporting de Portugal e foi se aventurar no Velho Continente. “Eu não esperava sair. Os portugueses estavam aqui, mas não tinham chegado a um acordo. Eu não tinha empresário e decidi não ir. Depois, eles chegaram onde eu queria. Para sair, tinha que ir tranquilo”, afirma.
Além de receber dinheiro, ficou acordado que o Santa Cruz também realizaria uma excursão por Lisboa, com as passagens bancadas pelo próprio Sporting. Lá, o Tricolor do Arruda disputou oito partidas. O acerto da venda de Marlon aconteceu depois do interesse de outros grandes clube brasileiros. Fluminense e Palmeiras queriam os dribles do atacante.
| Marlon saiu do Santa e foi para Portugal |
A chegada do Endiabrado ao Sporting foi apenas o começo de uma longa passagem pela Europa. Ao todo, o ex-atleta coral ficou nove anos. Depois do time de Lisboa, Marlon vestiu a camisa do Boavista. Viveu momentos mágicos. Foi campeão da Taça de Portugal, em 1991/92, em cima do rival Porto.
No mesmo ano, ele disputou a Champions League e conseguiu marcar o que considera um dos gols mais bonitos da carreira. Contra a Inter de Milão de Zenga, Mathaus e Klisman, diante da torcida do Boavista, ele recebeu o cruzamento de Fernando Mendes e partiu para a consagração.
“Ele deu um balão. Eu fui de encontro a bola e bati de primeira. Foi um dos mais bonitos da minha carreira”, conta. O placar da partida terminou em 2 a 1 e, após conseguir empatar em 0 a 0 no estádio San Siro, a equipe portuguesa avançou de fase.
Por onde anda
Em 1997, Marlon pendurou as chuteiras e retornou para Olinda, onde tem residência fixa. Dois anos depois, contudo, ele retornou para o mundo do futebol. Virou empresário com boa abertura no mercado português. ”Bato meu futevôlei no sábado e minha pelada toda terça-feira. Não troco aqui por nada”, afirma.
