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Ex-volante Marcílio está com 37 anos hoje |
Quando
a reportagem do Superesportes ligou para entrevistar Marcílio, as
primeiras palavras proferidas pelo ex-volante remetiam-se a Deus. O
diálogo inicial já poderia denunciar a que ele está se dedicando
atualmente, depois de pendurar as chuteiras. Decidiu virar pastor em uma
igreja evangélica no bairro onde mora, em Piedade, Jaboatão dos
Guararapes. Concilia as pregações, à noite, com a sua nova profissão. Um
ofício, aliás, bem distinto do que fazia dentro de em campo. É gerente
de uma empresa da área de segurança e tecnologia. Marcílio, porém, não
esqueceu o futebol. Almeja até virar treinador. "Já cheguei a receber
convites, mas sinto que ainda não estou preparado. Preciso estudar
mais", diz. Não esqueceu o Santa Cruz, clube que torcia na infância e
que, mais tarde, defendeu como jogador.
Nascido e criado no Santa CruzNatural
de Camutanga, zona da mata de Pernambuco, Marcílio sempre foi
apaixonado pelo Santa Cruz. Não demorou para quer fazer teste para jogar
no time de coração. Em 1991, passou pela "peneira" e foi atuar no
juvenil do Tricolor. Logo saiu das categorias de base. Quatro anos
depois, já conquistou o seu primeiro campeonato pelo clube coral: o
Pernambucano de 1995. Era reserva, mas lembra do feito com orgulho. "Até
hoje todo mundo lembra desse título, daquele gol de Célio na final
contra o Náutico. Fito Neves era o técnico e tínhamos uma equipe muito
boa", recorda. Duas temporadas mais tarde, veio outra conquista: a Copa
Verão da Cidade do Recife, em que Sport, Botafogo da Paraíba, Ceará e
Fortaleza também participaram.
O acesso à Série AUm
dos momentos mais marcantes da história do Santa é a subida à Primeira
Divisão, em 1999. No ano de aniversário de 85 do clube, após a
contratação e a dispensa de alguns medalhões como Mancuso, Almandóz e
Paulinho McLaren, basicamente os jogadores formados na casa tiveram a
missão de evitar o rebaixamento para a Série C. Foram além. Aos trancos e
barrancos, conseguiram se classificar entre os oito primeiros da
Segundona na última rodada da primeira fase(em oitavo, diga-se de
passagem), eliminaram o líder São Caetano no primeiro mata-mata e
depois, ainda desacreditados, foram vice e ascederam em uma chave
formada por Bahia, Vila Nova-GO e Goiás - o campeão da competição. "Foi
um campeonato muito, muito difícil. Tínhamos um time até certo ponto
limitado, mas com muita vontade de vencer", afirma Marcílio.
LEIA MAIS: REVEJA O POR ONDE ANDA COM TINHO, ZAGUEIRO DA CAMPANHA DO ACESSO EM 1999
O pesadelo da Copa João HavelangeSe
no final de 99 deu tudo certo para os tricolores, o ano 2000 foi
marcado por fracassos. O Santa Cruz perdeu o estadual para o Sport e foi
o lanterna da Copa João Havelange, criada pelo Clube dos 13 para
substituir o Brasileirão daquela temporada - já que a CBF estava
impedida pela Justiça de organizar o campeonato nacional. Dessa maneira,
não pôde haver rebaixamento. Sorte dos corais. "Foi uma época muito
ruim para a gente. Os investimentos e as promessas não foram cumpridas
pela diretoria, e o clube entrou em um período difícil, de crise, dentro
e fora de campo", lamenta o ex-volante.
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Volante Marcílio em 1999, ano da campanha que marcou o acesso histórico do Santa à elite |
A saída para o NáuticoApós
o conturbado ano da Copa João Havelange, a diretoria do Santa Cruz
resolveu não renovar o contrato de Marcílio, assim como a maioria dos
atletas formados nas categorias de base. No entanto, o cabeça de área
não ficou sem ter para onde ir. A pedidos do técnico Júlio Espinosa,
recém-chegado aos Aflitos, foi para o Náutico. Figurou apenas no banco
de reservas. Com a demissão do treinador e a chegada de Muricy Ramalho,
que viria a ser campeão do Pernambucano de 2001, foi ainda mais
escanteado. "Me emprestaram para o Ceará", fala.
Marcílio perde chance da vidaO
volante saiu do Ceará e, em seguida, foi parar no Santo André, de São
Paulo. Depois, o Botafogo da Paraíba o contratou. Lá, sofreu uma
contratura muscular em uma partida contra o Campinense, pelo estadual.
Veio na hora errada. Isso porque o jogador havia recebido uma proposta
do Galatasaray, da Túrquia. Devido a contusão, a negociação andou para
trás. "Perdi uma grande chance", sentencia. Na temporada seguinte, foi
parar apenas no modesto Confiança, de Sergipe. Marcílio ainda voltou
para Pernambuco, onde defendeu o Central e o Salgueiro, mas acabou a
carreira no modesto Vitória da Conquista, do interior da Bahia, em 2009.
Os agradecimentos ao TricolorMarcílio
diz que deve a boa parte de sua carreira de atleta ao Santa Cruz. Mesmo
hoje, quatro anos depois de se aposentar, sente o carinho dos
torcedores tricolores nas ruas. "Ainda colho os frutos daquele tempo. No
meu trabalho, na igreja, a torcida me reconhece. Amo essa torcida. Sou e
sempre serei tricolor doente. Foi onde realizei o sonho da minha
infância", conta, emocionado.