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26 de agosto de 2012

Um nordestino de estilo argentino



Arquivo/DP/D.A Press
Dário em 96, assim que foi contratado pelo Rubro-negro da Ilha, vindo do futebol da Paraíba
Quando o adversário estava com a bola dominada, lá vinha aquele rapaz de meia altura, franja quase nos olhos e com uma disposição quase sobrenatural para roubar a redonda. Na maioria das vezes, conseguia. Mostrando um vigor físico invejável, ficou conhecido pela sua "raça". Esse rapaz é Dário, volante que fez carreira no Sport na década de 90, conquistando quatro títulos pernambucanos e uma Copa do Nordeste pelo Leão. Passou também por equipes como Santa Cruz, Grêmio e por outros 14 clubes do Brasil. Mas foi na Ilha do Retiro que o jogador conquistou o coração dos torcedores pela sua virilidade em campo. Divanilson Gonçalves da Silva, hoje com 40 anos de idade, é o personagem desta terça-feira da série "Por Onde Anda", do Superesportes. Ele relembra os tempos como atleta, da sua paixão pelo Recife, cidade que adotou como casa, e fala que se arrepende de ter parado de jogar futebol aos 33 anos.



Heitor Cunha/DP/D.A Press
Volante Dário já titular no Sport, em 1999
O raçudo Dário
Não havia bola perdida para Dário. A sua primeira obrigação era marcar; a segunda, roubar a bola. Esses eram praticamente os dois fundamentos do volante. Utilizava-os com toques de perfeição. Não era de sair muito para o jogo. Fazia poucos gols. Contudo, a "raça" do jogador era ora confundida com violência. Ele, porém, justifica a fama de "carniceiro" que acabou ganhando. "Sempre o meu jeito de jogar foi assim. Eu não tenho medo de cara feia e me identificava muito com as torcidas dos times que eu joguei. Por isso, queria dar de tudo em campo. Falavam que eu era um nordestino com 'estilo argentino', raçudo mesmo", diz Dário.

A polêmica passagem pelo Grêmio
O futebol aguerrido do cabeça de área logo despertou o interesse do Grêmio. Dário chegou no Sport em 1996, com 21 anos. Dois anos depois, o Tricolor Gaúcho, sempre prezando por se reforçar com jogadores nesse estilo, o contratou. Foi para o Olímpico por indicação do técnico Luiz Felipe Scolari. "Joguei contra Felipão várias vezes quando eu estava no Sport. Sempre ele me elogiava. Acabou me levando para Porto Alegre depois", lembra. A passagem do atleta no Rio Grande do Sul, entretanto, foi marcada por um episódio inusitado, que renderia as capas de vários jornais e revistas do País posteriomente. Dário acionou a Justiça solicitando o pagamento de horas extras por parte da diretoria gremista, dizendo que atuava à noite e nos finais de semana. Sem querer agora tocar muito no assunto, disse que apenas seguiu instruções. "Me instuiram para isso, mas hoje só tenho boas lembranças do Grêmio. Até conheci Ronaldinho Gaúcho lá, com quem mantenho amizade até hoje", esquivou-se. Dário saiu do clube dos Pampas em 98.

A nostalgia pelo Sport
Sem sombra de dúvidas, a passagem por clube mais significativa na currículo de Dário foi no Sport. Em seis anos interruptos jogando na Praça da Bandeira, tornou-se tetracampeão estadual (96, 97, 98 e 99), além de ter ajudado o Rubro-negro vencer a primeira edição da Copa do Nordeste, em 1994. "Guardo bons momentos, joguei em times fantásticos. Lembro de um meio-campo que era eu, Chiquinho e Juninho (Pernambucano)", fala, nostálgico. "Foi uma época de muitas vitórias e títulos", acrescenta, com o mesmo tom.



Moacir Moreno/DP/D.A Press
Em 98, Dário na 1ª passagem no Arruda
O respeito pelo Santa Cruz
No finalzinho de 98, quando Dário saiu do Grêmio, foi parar no Santa Cruz. Passagem apagada. Após rodar por vários times do País, foi contratado novamente pelo Tricolor do Arruda, em 2000, para a disputa do módulo azul da Copa João Havelange - equivalente ao Campeonato Brasileiro da Série A na época. Os corais fizeram uma campanha pífia, terminando na lanterna da competição. Sem destaque, o cabeça de área, porém, guarda boas lembranças e respeito ao Tricolor."Particularmente, eu gostei muito do clube e da sua torcida. Eles têm uma paixão inexplicável pelo Santa Cruz. Não tenho nada de mal para falar do Santa", sentencia.

Arrependimento pela aposentadoria
Dário rodou por nada menos que 16 clubes do Brasil. Em 2005, foi parar no ABC do Rio Grande do Norte. Conquistou o campeonato potiguar daquele ano. A fim de pendurar as chuteiras com um título, resolveu que daria fim alí a sua carreira como atleta. Na temporada seguinte até que esboçou a volta ao gramados. Assinou com o Estudantes de Timbaúba, para jogar o Pernambucano. Atuou somente em uma partida. Aos 33 anos, parou de vez de jogar na equipe da Zona da Mata Norte do Estado. Hoje, Dário diz que podia ter prolongado a sua vida de jogador um pouco mais. "Eu comecei a jogar muito cedo, com 19 anos. Queria mesmo parar. Se fosse agora, não pararia. Ainda aguentaria mais uns anos. O pessoal está parando bem mais tarde hoje", afirma, contundente.



Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
O empresário Dário nos dias atuais
Pernambuco como primeira casa
“Já sou mais pernambucano do que paraibano.” Apesar de ter nascido em Campina Grande, na Paraíba, Dário proferiu essa frase sem peso na consciência. Ele passou 19 anos de sua vida no estado natal. No Recife, onde chegou depois de se destacar pelo Treze, está há 21. Conheceu a mulher e viu os dois filhos nascerem. Mesmo nos anos em que atuou fora do estado, os três ficaram na capital pernambucana. "Aqui é a minha casa", pontua.

Atualmente
Dário não deixou totalmente o futebol. Além de administrar uma empresa de estacionamentos na Paraíba, o ex-volante trabalha como empresário e agenciador de jogadores. No futuro, pensa também em ser treinador. "Desde quando parei de jogar bola, estou me preparando, amadurecendo e trabalhando essa ideia", revela Dário.

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