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3 de fevereiro de 2020

NO COMPASSO DE ESPERA

POR CLAUDEMIR GOMES

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O frevo já tomou conta das ladeiras de Olinda, do Marco Zero do Recife e de Boa Viagem. As prévias atestam que o carnaval em Pernambuco se agigantou e hoje dura mais de um mês. Tudo começou com o Sábado de Zé Pereira e mais três dias. A quarta-feira de cinzas era o ponto final. Depois inventaram a semana pré, que se foi no tempo junto com as lanças perfume, os confetes e as serpentinas. Agora, quem dita a ordem são os blocos. Como são muitos, e a cada ano proliferam mais em todas as esquinas, o calendário da folia esticou.
E o futebol fica no compasso de espera.
A bola já rola no Campeonato Pernambucano e na Copa do Nordeste. Mas o ritmo é de marcha lenta. Nada de frevo de rua. Imagine você, caro leitor, que na primeira rodada da Copa do Nordeste, em 8 jogos foram marcados apenas 5 gols. Tivemos 5 empates e 3 vitórias na rodada de abertura. No Estadual, em 10 jogos foram anotados 23 gols. Destaque para o líder Afogados que marcou 6, o que lhe leva a ostentar a fabulosa média de 3 gols por jogo.
No frevo, o compasso de espera é marcado por três instrumentos: surdo, pandeiro e tarol, ou caixa. É a turma da percussão. Depois é que entram os metais. Aí o negócio pega fogo. Quem não aguenta o rojão cai fora. A muganga e o faz de conta só tem vez no compasso de espera.
Os principais clubes ainda não acionaram seus melhores "passistas". Eis a razão pela qual a qualidade do futebol apresentado no Estadual e na Copa do Nordeste não tem sido do agrada dos torcedores mais exigentes. Esforço não falta, aos que estão sendo escalados, mas talento é um privilégio de poucos. São muitos os fatores que levam os clubes a adotarem estratégias que refletem na qualidade do espetáculo.
O calendário do futebol brasileiro é cruel. Vejam, por exemplo, o Sport: início de temporada e o clube já se viu forçado a disputar 4 jogos no curto espaço de dez dias. Um absurdo. A terceira rodada do Pernambucano começa a ser disputada nesta terça-feira e somente será concluída no próximo domingo. Ah! No final de semana também vamos ter jogos válidos pela competição regional.
Detalhe: na próxima semana começa a disputada da Copa do Brasil 2020. O Santa Cruz estréia dia 5 de fevereiro, com o Operário/VG, na Arena Pantanal. Como diria o mestre Capiba: "Quero ver queimar carvão, quero ver carvão queimar...".
Não há mistério. Tudo é muito simples. Os times ainda não estão prontos para exibirem um bom futebol, para impor uma dinâmica que impulsione o jogo, já que os jogadores não estão devidamente condicionados fisicamente para desprenderem tal esforço. A resultante de tal cenário é um futebol sem qualidade e sem atrativo neste início de temporada.
Quem quiser ritmo forte o caminho não é outro senão as ladeiras de Olinda, onde o frevo ferve com metais afinados. As prévias que acontecem em diversos pontos do Recife, também são destinos de alegria e prazer.
O bom futebol?
Só quando o carnaval passar. Os craques estão passando sebo nas canelas, e só vão bailar dentro das quatro linhas quando forem molhados pelas águas de março.

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