A foto de um menino saindo do mar repleto de
óleo na praia de Itapuama, Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana
do Recife, circulou por alguns dos principais jornais do mundo ontem. O
Clarín (Argentina), New York Times (EUA), SVT Nyheter (Suécia),
Hamshahri (Irã) e a Agência France Press (AFP) publicaram a imagem feita
pelo feita pelo fotógrafo Leo Malafaia, da Folha de Pernambuco.
Apesar
da boa vontade dos voluntários, entrar em contato com as manchas de
óleo que aparecem desde o fim de agosto no litoral nordestino, pode
trazer riscos à saúde. De acordo com o presidente do Conselho Regional
de Química de Pernambuco, Sheylane Luz, substâncias presentes no
petróleo cru estão entre os compostos mais tóxicos do óleo. A
volatilidade do material aumenta o risco de contaminação e por isso,
para a especialista, luvas e galochas não são suficientes para a
proteção de voluntários.
A Marinha do Brasil
junto com o Ministério da Saúde alertou, em sua conta do Twitter, sobre
os riscos do contato com o petróleo cru, que já atinge 223 localidades
no Nordeste. A orientação é de que a população não manipule a substância
e que evite o máximo de contato com a água do mar e área dos lugares
afetados.
Nesta
quinta-feira o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que
as pessoas intoxicadas durante o trabalho de limpeza do óleo em praias
da Nordeste usaram produtos tóxicos para limpar o óleo do corpo. “A
gente tem visto as pessoas procurarem unidades de saúde, mas eles
informam que retiraram aquele óleo que gruda com benzina, com gasolina,
com querosene, colocaram substâncias ainda mais abrasivas, mais tóxicas
do que o próprio petróleo” , disse.
Ao ser
questionado sobre a atuação do Ministério da Saúde frente ao problema,
Mandetta afirmou que a situação não é crítica. Perguntado se seria
necessário isolar as praias afetadas, o ministro descartou a
necessidade. “Não, porque a toxicidade é insignificante, é mínima. Na
composição, o que seria mais tóxico é o benzeno, mas é mínimo”, afirmou.
Mandetta
ainda chamou a atenção do uso de substâncias abrasivas para retirada do
óleo e disse que na “ânsia de ajudar” pessoas acabam manipulando o óleo
sem o devido equipamento. “Aí, é claro que a pessoa vai ter irritação
na pele, ela vai ter coceira, alergia. Pode ter inalação, porque o
contato (é) intensivo, se embrenhar com aquilo dali, então a gente não
recomenda que isso seja feito assim”, disse o ministro.
Casos de intoxicação
Foram
pelo menos 17 voluntários que entraram em contato com óleo admitidos em
um hospital no Litoral Sul de Pernambuco. Os pacientes tinham sintomas
como vômito, enjoo e erupções na pele.
O
Conselho Regional de Química de Pernambuco alertou que o contato com as
manchas de óleo, mesmo indireto, traz riscos à saúde e pode até mesmo
causar câncer. A Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) começou a
coletar a água do mar em praias atingidas. As amostras serão enviadas
para Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“A
capacidade tóxica [da substância], a gente sabe que existe. A gente
precisa saber é se essa concentração [existente na água] oferece risco”,
afirmou a professora do Departamento de Oceanografia da UFPE, Eliete
Zanard Lamarto.
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