Os primeiros sinais da doença mais se assemelhavam aos da
depressão. Maciel começou um tratamento e meses depois veio o
diagnóstico do Alzheimer. “Até 2014, a doença evoluiu negativamente,
porque, como era político, as pessoas perguntavam sobre fatos históricos
e ele não conseguia lembrar. Ele percebia o esquecimento e ficava
constrangido. No fim de 2014, ele não quis mais sair, só para consultas e
coisas corriqueiras. Agora, está em fase avançada”, afirma. Sem andar e
falar, o ex-vice-presidente conta com o auxílio da mulher e de uma
equipe de profissionais para as atividades do dia a dia.
Em
21 de setembro é lembrado o Dia Mundial do Alzheimer. A doença é
neurodegenerativa progressiva e se manifesta pela deterioração cognitiva
e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária
e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações
comportamentais. Ela acomete em grande parte idosos e representa cerca
de 50% a 75% dos casos de demência no mundo, sendo o tipo mais frequente
da enfermidade cerebral. Suas causas ainda não são totalmente
conhecidas.
Dados do Instituto Alzheimer
Brasil (IAB) estimam que existem mais de 45 milhões de pessoas vivendo
com demência no mundo e que esse número deve dobrar a cada 20 anos.
Apenas no Brasil, onde hoje há mais de 29 milhões de pessoas acima dos
60 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), acredita-se que quase 2 milhões de pessoas têm demências, sendo
que de 40 a 60% delas são do tipo Alzheimer.
No DF
O
DF tem cerca de 450 mil idosos. Desses, 8% têm algum tipo de demência,
incluindo Alzheimer, segundo os dados mais recentes do Sistema de
Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso, da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), de 2015. “No DF, a gente vive uma realidade
diferente do restante do Brasil, em termos de Plano Piloto, um dos
maiores pólos de desenvolvimentos de saúde — o que não é uma realidade
integral das cidades satélites. O DF oferece acesso a consultas com
médicos que podem avaliar a memória da população”, disse o presidente da
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do DF (SBGG-DF),
Thiago Póvoa.
Ele destaca que a doença pode ser
prevenida a partir de alguns cuidados com a saúde. “Não fumar, não
consumir bebida alcoólica, fazer exercícios físicos, controlar pressão
alta, colesterol. Estamos divulgando bastante isso, porque nossa missão é
ser multiplicador. É uma questão de conscientização social”, afirma. “O
que é bom para o coração é bom para o cérebro”, acrescenta.
Assim
tem feito a aposentada Domingas Gentil, 72. Desde que o marido, Osmar
Gomes, 83, foi diagnosticado com Alzheimer, ela começou um trabalho
social de apoio a familiares de pessoas com a doença. O projeto Cuidar
com Harmonia reúne cuidadores nos terceiros sábados de todo mês, na
Escola Classe 410 Sul, das 15h às 17h. Ela atuou como enfermeira no
Hospital Sarah Kubitschek por 36 anos e leva os ensinamentos nas
reuniões. “Nos encontros, a gente pratica paciência, tolerância, ser
amável e proporcionar cuidados para melhorar a qualidade de vida da
nossa pessoa (com Alzheimer). Pode participar quem quiser. É gratuito”,
convida.
Correio Brasiliense
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