Octávio
Felinto Neto tem só 16 anos e carrega nos pés o peso de representar a
segunda geração do Rei do futebol. Ele vai defender o Guarani de
Divinópolis no Campeonato Mineiro ao lado de algumas cobras criadas,
como o velho atacante Fábio Jr. que um dia pareceu ser herdeiro de
Ronaldo Fenômeno. Octávio é filho de Sandra Regina Arantes do Nascimento
Felinto, reconhecida como filha de Pelé em 1996 depois de uma longa
batalha judicial. Vítima de um câncer de mama, Sandra morreu dez anos
depois sem ter o contato desejado com o pai.
Quando ficou viúvo, Ozéas
Felinto, pai dos irmãos Octávio e Gabriel, mudou-se para Curitiba.
Colocou a dupla para treinar no Atlético Paranaense. Em Santos, Octávio e
Gabriel passaram pela escolinha do Peixe e pelo Litoral, um clube
pequeno dedicado apenas às categorias de base. Lá, não conheceram Pelé. O
primeiro encontro com o avô só aconteceu na capital paranaense em 2009.
O relacionamento entre eles ainda é distante.
Gabriel, hoje, procura um
clube. Octávio é atacante. Virou aposta do Guarani por meio de seu
empresário que decidiu queimar etapas e transformá-lo mais cedo em
profissional. O clube mineiro acredita no DNA de craque que ele carrega
desde que nasceu.
Conheci Octávio dias atrás,
no centro de treinamento do Clube Atlético Sorocaba, onde o Guarani
encerrou sua pré-temporada. Um menino humilde, cheio de expectativas.
Octávio só quer ser feliz, ter sucesso na carreira e, se puder, passar a
encontrar regularmente o avô. A entrevista com ele:
- Que expectativas você tem em relação ao futebol, até onde você quer chegar?
Eu pretendo virar um grande jogador, né. Um futuro Neymar. Se puxar pelo menos uns dez por cento do meu avô já tá ótimo (risos).
- Que características você acha que tem do seu avô?
O cabeceio. Apesar de eu ser
baixinho (Octávio mede 1,70) eu tenho impulsão. Lógico que eu preciso
aprender muita coisa, algumas técnicas de cabeceio que meus treinadores
vêm me ensinando, aperfeiçoando, lapidando. É muito bom saber que eu
puxei esta característica dele.
- Qual foi a última vez que você falou com Pelé?
A última vez foi em 2009. Falei com ele pessoalmente. Dois anos depois conversamos por telefone. Ele foi muito educado comigo.
- Você lamenta o fato dele só ter reconhecido sua mãe como filha na justiça?
Eu acho que ele tem os
problemas dele. Todo mundo comete erros. Ele teve as razões dele e eu
não sinto rancor. Não tenho mágoa nenhuma. Considero ele como meu avô.
- E ele trata você como neto?
Com certeza. Eu vejo isso por algumas atitudes que ele toma. Apesar do pouco contato, ele demonstra que me reconhece como neto.
- Em relação ao futebol, ser neto de Pelé ajuda ou atrapalha?
Um pouco dos dois (risos).
Além da cobrança ser muito grande, por ser neto de um cara que é o Rei
do futebol, é bom porque ela ajuda você a virar um cara que você não
viraria se não tivesse esta cobrança.
- Você tem certeza de que esse DNA de craque vai ajudar sua carreira?
Com certeza. É o DNA real do futebol. É um baita peso, mas é muito bom saber que eu venho dessa linhagem.
Tirar este peso das costas não será possível. O futebol é assim. Ainda bem que Octávio tem consciência disso.
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