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26 de outubro de 2019

Da 2ª divisão à final da Copa: Ricardo Fernandes, o fotógrafo de mais de mil partidas


Ricardo começou a carreira como fotógrafo em 1995. No ano seguinte, já recebia uma missão que o marcaria para sempre: fotografar o Rei Pelé, na época Ministro de Esportes.  “No primeiro dia eu já fui fotografar o Pelé. Aí eu vi como era o tumulto quando ele chegou, todo mundo cercando e uma dificuldade grande para conseguir se aproximar. Foi uma experiência que não esqueci. Eu senti como era o fotojornalismo e a partir daí descobri o que queria seguir”, relembrou. 

A sua estreia como fotógrafo num jogo de futebol, aconteceu em fevereiro de 2000, em um clássico entre Santa Cruz e Náutico, no Arruda. “Eu ficava nervoso nos primeiros jogos, quando eu ainda não dominava a fotografia esportiva. Isso leva um tempo. No primeiro jogo o material foi horrível. Era com filme, a gente tinha que esperar revelar para ver, e tinha toda aquela tensão na mesa de luz, levava uma lupa para ver se as fotos saiam com foco.” 

Apesar das câmeras mais modernas permitirem o foco automático, Ricardo até hoje prefere o uso do foco manual, o que, de certa forma, o diferencia dos demais colegas de profissão. A característica é uma forma que ele encontra de participar ainda mais daquele momento. Mas, apesar da entrega, um bom resultado nem sempre depende somente dos ajustes da máquina. Às vezes, a paciência tem que entrar em campo junto. 

“Do mesmo jeito que jogador oscila, o fotógrafo esportivo também oscila. Às vezes o lance sai sem a bola, você está num ângulo que o jogador e o juiz entra na frente, ou jogador fora do lance fica mais próximo e encobre”, relata.
E desde o primeiro jogo, Ricardo anota, em cadernos, cada um em que trabalhou. Entre partidas profissionais e amadoras, passando pelo Campeonato Pernambucano da primeira e segunda divisão, Campeonato Brasileiros das Série A, B, C e D, Copa do Brasil, Libertadores, Copa América, Copa das Confederações e Copa do Mundo.

E foi graças ao seu caderno de anotações, que descobriu que o milésimo jogo estava se aproximando. “Quando eu tinha uma foto publicada no jornal, principalmente em destaque na primeira página, era uma alegria. Eu guardo as principais fotos até hoje. Tenho uma pilha de quase 20 anos de trabalho”.

Entre mais de mil jogos, Ricardo guarda algumas coberturas com carinho especial, como a primeira vez que acompanhou um jogo da Seleção Brasileira, nas eliminatórias da Copa de 2010, no Arruda, contra o Paraguai, que marcou o seu jogo 400, e a final da Copa do Mundo de 2014, entre Argentina e Alemanha, no Maracanã. 

“A final foi bem concorrida, a quantidade de fotógrafos era muito grande. E quando eu cheguei no Rio de Janeiro, vi que o meu pedido foi reprovado. E eu imediatamente fiz o pedido para a tribuna, e poucos minutos depois fui aprovado. Foi um alívio garantir um lugar lá, já era grande coisa. Eu consegui uma lente de longo alcance e um duplicador, aí consegui trabalhar bem. Mas, me dei mal na hora da entrega da taça, porque os jogadores da Alemanha estenderam a taça de costas para mim”, recordou, sem mágoas.

Entre os seus jogos mais marcantes também estão a vitória do Brasil sobre a Colômbia por 2 a 1, pelas quartas de final da Copa de 2014, em Fortaleza. E a conquista do inédito ouro olímpico, no Maracanã, superando a Alemanha, nos pênaltis.

“Na lista de jogos decisivos, também tem a campanha do Sport campeão da Copa do Brasil 2008. Só que, na final, eu tava de férias. Fiz das oitavas de final até o primeiro jogo das semifinais”, relembrou.

Com todo o material que construiu até hoje, Ricardo ganhou algumas premiações. Ele já teve uma foto do campeonato sub-20 inserida na programação da Bienal espanhola, e também ganhou premiação em segundo lugar na Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos da Imprensa de Pernambuco com uma foto de um lance de bicicleta do ex-atacante Thiago Tubarão, então no Náutico, em 2001.

Atualmente com 44 anos, Ricardo Fernandes é dono de uma agência fotográfica e se enxerga com a experiência suficiente para não parar tão cedo, buscando assim, eternizar novas histórias. Para ele, o grande segredo que possibilitou a construção e a continuação da sua caminhada foi a perseverança . “Principalmente porque hoje o mercado tá bem difícil na área de fotojornalismo. Tem que perseverar muito, ralar muito para se manter”, ensinou. 

Números marcantes

Jogo 01 - Santa Cruz 1 x 1 Náutico (28/02/00) - Arruda
Jogo 100 - Santa Cruz 1 x 0 Fluminense/BA (24/03/02) - Arruda
Jogo 200 - Sport 3 x 1 Petrolina (16/01/05) - Ilha do Retiro
Jogo 300 - Náutico 2 x 0 Ituano/SP (18/11/06) - Aflitos (acesso à Série A)
Jogo 400 - Brasil 2 x 1 Paraguai (10/06/09) - Arruda
Jogo 500 - Santa Cruz 0 x 0 Treze/PB (16/10/11) - Arruda (acesso à Série C)
Jogo 600 - Náutico 0 x 2 Goiás (27/10/13) - Arena de Pernambuco
Jogo 700 - Náutico 0 x 2 Sport (22/03/15) - Arena de Pernambuco
Jogo 800 - Náutico 4 x 0 Uniclinic/CE (24/01/17) - Arena de Pernambuco
Jogo 900 - Náutico 3 x 2 Remo/PA (09/06/18) - Arena de Pernambuco
Jogo 1000 - Brasil (sub-23) 2 x 3 Japão (sub-23) - (14/10/19) - Arena de Pernambuco 

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