Sérgio Alves, o andarilho do Nordeste

Sérgio Alves em 91, contra o Náutico

Se existe alguém que conhece o Nordeste na palma da mão, essa pessoa se chama Sérgio Alves de Lima, ou simplesmente Sérgio Alves. O futebol proporcionou que ele conhecesse bem o lugar. Recifense de nascimento, tornou-se um artilheiro nato. Passou por um total de dez clubes da Região. Jogou também na Suíça e no Sul e Sudeste do Brasil. Mas virou "rei" mesmo no Ceará.
Em Pernambuco, passou esteve no Sport, Central, Santa Cruz e Salgueiro. Nunca foi unanimidade no Estado, é bem verdade. Acumula passagens apagadas. Pelo quatro times, nunca conseguiu ser o goleador que foi longe de casa. Contrastava atuações formidáveis e bizarras, em que perdia, inclusive, alguns gols incríveis. Hoje, com 42 anos, o já aposentado atacante mora em Fortaleza e trabalha como treinador das categorias de base do Ceará Sporting Club. Mesmo distante, guarda um imenso carinho pelo local onde nasceu e também pelo do Rubro-negro da Ilha do Retiro.

O começo de carreiraSérgio Alves surgiu no Sport em 1990. Logo destacou-se nas categorias de base do Leão e acabou sendo promovido para a equipe profissional. Já na sua primeira temporada, ajudou na campanha do acesso o clube para a Primeira Divisão. No ano seguinte, porém, não foi aproveitado. A diretoria, então, o emprestou para o Central de Caruaru. Apesar do surgimento meteórico no Rubro-negro, Sérgio tem boas lembranças da época e revela ser torcedor leonino. "Foi aonde eu iniciei a minha carreira de atleta, onde começou tudo. Acompanho e torço até hoje. Devo muito ao Sport", diz o ex-jogador.

Pelo Central, em 92, numa partida amistosa diante da equipe do Destilaria, no Cabo

Central, o "trampolim" da vida de SérgioSérgio Alves disputou o Campeonato Pernambucano de 1992 pela Patativa. Ficou longe da artilharia. Mas obteve certo destaque. Jovem, chamou a atenção do Ceará, clube que mantém uma identificação enorme. "Sou muito grato ao Central por ter me proporcionado essa vitrine. Graças a ele, pude vir para o Ceará, onde construí a minha vida como jogador e como pessoa", sentencia. Em quatro passagens interruptas pelo time cearense, ganhou o apelido de "Carrasco", por quase sempre fazer gols no rival Fortaleza. Em 2001, com 41 gols anotados na temporada, ganhou o título de "artilheiro do Brasil", atuando pelo Vozão. Pelo Ceará, também foi campeão do estadual de 1993, 1996, 1997 e 2002, além de ter conquistado o posto artilheiro da Série B de 2001.

Treinando no Santa Cruz, em 2001

A "inexplicável" dispensa do Santa CruzEm 2001, Sérgio Alves foi contratado pelo Santa Cruz. Vindo do ABC de Natal, chegou no Arruda com uma grave contusão no joelho direito. Quando recuperou-se, deu mostras de que ainda era o "matador" que foi outros lugares. Ocupava o posto de artilheiro do Campeonato Pernambucano e da Copa do Nordeste daquele ano. Na sua estreia na competição regional, fez quatro gols em cima do CRB, na vitória coral por 6 a 1, no estádio do Arruda. A boa fase era eminente. No entanto, o atacante foi pego de surpresa pela diretoria tricolor e, junto do volante Dário, acabou sendo dispensado. A atitude deixou até o técnico Ricardo Rocha e a comissão técnica extasiados. O clube alegou que a dispensa foi motivada pela baixa produtividade do atleta. "Acabei sendo um 'bode expiatório'. A gente tinha perdido do CSA no Nordestão, aí a direção descontou em mim", afirmou Sérgio Alves. "Não pude dar continuidade ao meu trabalho no Santa Cruz. Até hoje não entendo o que houve", completa.

A breve passagem pelo Salgueiro
Já no fim de carreira, em 2007, Sérgio Alves foi contratado pelo Carcará. A diretoria sertaneja optou por montar um elenco com toques de experiência, com jogadores como o zagueiro Batata, ex-Náutico e campeão mundial pelo Corinthians, e Maurílio, ex-Santa Cruz, Palmeiras e Grêmio. Sérgio jogou apenas o Estadual. Aliás, apenas cinco partidas do hexagonal final do Pernambucano. "Fiquei só um mês por lá", lembra, vagamente.

AtualmenteNo dia 9 de junho de 2010, Sérgio Alves pendurou as chuteiras. O dia marcou a última partida do atacante como atleta profissional. No estádio Castelão, em Fortaleza, em jogo válido pelo Copa do Nordeste, enfentou o ABC, onde também foi ídolo. Perdeu o duelo para os potiguares por 2 a 1, sem fazer gol. Mas saiu ovacionado de campo. Na mesma semana, virou auxiliar técnico do até então treinador do Ceará, Renê Simões. Em seguida, assumiu o Sub-17 e Sub-20 do clube. "Estou muito feliz aqui. Eu iria até sair candidato a vereador este ano. Mas desisti porque estou realizado com o que estou fazendo. Já vejo frutos do meu trabalho", alegou Sérgio.

Os títulos
Ceará - Campeonato Cearense: 1993, 1996, 1997 e 2002

ABC - Campeonato Potiguar: 1998, 1999 e 2005

Bahia -Copa do Nordeste - 2001

As artilharias
Ceará - Série B de 2001 (21 gols)

ABC - Campeonato Potiguar de 2005 (10 gols)

Bahia - Copa do Nordeste de 2002 (13 gols)

Os clubesSport, Central, Ceará, Sion (Suíça), Joinville, ABC, Fluminense, Santa Cruz, Bahia, Ponte Preta, Guarani, CRB, Ferroviário do Ceará, Salgueiro e Guarany de Sobral.