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15 de janeiro de 2012

O Pernambucano dos milhões no estado dos bilhões

São quase R$ 10 milhões captados, compondo a maior receita da história do Campeonato Pernambucano. A 98ª edição do estadual mais popular do país começa neste domingo, com seis jogos do litoral ao Sertão, disposta a seguir quebrando recordes. Com a evolução da massa nas arquibancadas nas últimas cinco temporadas, alcançando 8.548 torcedores por jogo ano passado, com mais de um milhão de pessoas ao todo, o PE2012 pode ser o marco para o incremento financeiro à estrutura local. Rubro-negros e alvirrubros com orçamentos milionários, tricolores com pré-temporada estendida, clubes intermediários reformando estádios e gramados.

Um gasto geral para tentar valorizar uma competição cuja verba exata de R$ 9,353 milhões vem do decano apoio do governo do estado, contrato de transmissão na televisão e patrocinador oficial, seguindo um dos mais modernos modelos de apoio no futebol mundial. Números positivos, sem dúvida, mas que “diminuem” a cada comparação com o progresso econômico de Pernambuco, com produto interno bruto de R$ 100 bilhões. O futebol local até poderia, mas ainda não acompanha esse ritmo.

Há dois anos, o estado cresceu 15%, mais que o dobro da média nacional. Apesar da desaceleração em 2011, o número deve voltar a ser superior, proporcionalmente, ao do país De lá para cá, a única novidade no Pernambucano foi o acerto com a Coca-Cola, num contrato de naming rights, associando a marca à denominação oficial do torneio, gerando R$ 600 mil por ano. Parece pouco. Na verdade, é mesmo. Em 2009, quando a Brahma tentou o mesmo negócio, a proposta foi de R$ 800 mil. A polêmica sobre a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, ainda pendente em Pernambuco, inviabilizou o acordo. Por enquanto, o dado atual não deve sofrer alteração, pois a indústria de refrigerantes assinou até 2014. Mesmo período do contrato exclusivo da Rede Globo para a transmissão das partidas do Estadual, em vigor desde 2010.

O valor de R$ 1,32 milhão, o maior desde a primeira comercialização de todo o campeonato com a TV, em 1998, está bem abaixo do mercado. Na Bahia, cujo futebol disputa com o pernambucano a hegemonia na região – cenário não muito diferente às duas locomotivas econômicas -, a mesma emissora pagou R$ 3 milhões pelo estadual da Boa Terra deste ano. Levando em conta que o contrato também é de cinco temporadas, isso significa uma diferença de R$ 8,4 milhões no período entre as duas federações. Esse é o abismo da estrutura futebolística dos dois estados? Difícil mensurar, apesar da vantagem retomada em 2012 no número de clubes na Série A do Brasileiro, 2 a 1. A diferença, como costuma ocorrer no mercado, em qualquer segmento, foi a concorrência, uma vez que o campeonato baiano vinha sendo exibido pela Rede Record até o interesse da Rede Bahia, afiliada da Globo.

Paralelamente a esses contratos, os clubes buscam parceiros (patrocinadores) para não se distanciar tanto dos principais centros. O Corinthians, por exemplo, receberá uma cota de transmissão do Paulistão de R$ 7 milhões, 74% de toda a receita do Pernambucano. No meio do ano passado, o Superesportes já destacava a necessidade de atrelar o desenvolvimento nos mais diversos polos, sobretudo o de Suape, ao futebol. Na ocasião, o economista André Magalhães, diretor da Datamétrica Consultoria e Pesquisa, adiantou que novas empresas instaladas no estado poderão compor os uniformes dos clubes locais em breve, devido à necessidade de fortalecer a sua imagem. “Empresas que estão no crescendo no mercado precisam aparecer na mídia. Outras maiores, como a Fiat (que está construindo uma fábrica em Goiana), estão chegando e podem conquistar a simpatia da população com o apelo do clube de futebol”, disse.

Curiosamente, a montadora tornou-se foco de especulações sobre um patrocínio triplo aos grandes clubes, repetindo a fórmula adotada em Salvador (Bahia e Vitória) e Belo Horizonte (Cruzeiro e Atlético-MG). Antes desse boom, no entanto, Magalhães prega a mais que necessária profissionalização da gestão nos clubes, com responsabilidade fiscal e mais razão que emoção no trabalho. “Primeiro, os clubes precisam arrumar a casa, de forma profissional, inclusive diretores. É preciso de uma gestão empresarial para correr atrás de patrocínios, porque eles existem”.

Considerando patrocínios e a renda apurada nas 144 partidas, o último Estadual arrecadou R$ 16,26 milhões. O próprio presidente da FPF, Evandro Carvalho, entende que este valor é modesto em relação à nova realidade do futebol nacional, potencializado com as chamadas “supercotas da TV”, com contratos vultosos pela exibição do Brasileirão de 2012 a 2015. “Os três contratos que temos hoje com a competição podem valer de cinco a dez vezes mais em 2015, se o campeonato for bem organizado até lá.”Seguindo o raciocínio, o certame, de quatro meses de duração, poderá valer apenas com os parceiros econômicos a bagatela de R$ 46,7 milhões. Expectativa mais condinzente com a estimativa de toda a economia pernambucana, de R$ 140 bilhões até 2020.



Saiba mais


R$ 3 milhões
É a soma das folhas salariais dos 12 times

R$ 12 milhões
É o valor total que deve ser gasto com salários nos 4 meses de competição.

R$ 1 milhão
É o valor da folha salarial do Sport, a maior do PE2012

R$ 90 mil
É a estimativa do salário de Marcelinho Paraíba, mas o Sport não confirma.

R$ 75 mil
É o que o Náutico pagará por mês à Derley. O maior salário já pago a um atleta do clube.

R$ 45 mil
É a estimativa do salário do técnico Zé Teodoro, que ainda receberá uma grande premiação se for campeão.

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