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10 de outubro de 2011

Os guerreiros



À margem da segunda menor BR do País, praticamente na metade dos seus 7 quilômetros, numa pequena sala cedida pela administração de Fernando de Noronha e que pertence à escola Arquipélago, desde 1998 se formam karatecas. É ali onde o grupo Guerreiros da Ilha treina diariamente. Se destaca pela continuidade do trabalho, uma vez que várias artes marciais já foram ensinadas no Arquipélago, mas nenhuma durou tanto tempo.

Bruno Albuquerque tinha apenas 13 anos topou fazer parte da primeira turma de karatê de Noronha, fundada pelo professor Isaac Silva. Tomou gosto e foi evoluindo. Hoje, repassa tudo o que aprendeu. Faixa preta do 2° DAM, se reveza com o mestre nas aulas gratuitas, ministradas de segunda sábado, sempre à noite. "Por conta do trabalho, tanto meu quanto dele, a gente reveza nas aulas. Um dia eu venho, outro ele vem. Quando um não pode, o outro cobre", conta Bruno, que trabalha no setor de cargas de uma empresa aérea durante o dia.

Como os alunos também trabalham, a frequência varia de acordo com o dia. No dia da visita do Superesportes, era Bruno quem dava a aula para uma turma de cinco pessoas: três iniciantes e dois intermediários. Segundo o professor, atualmente, são 15 alunos permanentes. "Mas já chegamos a ter 60. Essa sala aqui já ficou cheia", lembra o professor, mostrando fotos antigas coladas em um armário.

A sala, por sinal, é a mesma desde a primeira aula. O tatame, uma lona de vinil que cobre raspas de pneu, também. Já está cheia de remendos. Pede uma troca há algum tempo. A promessa é de que um novo piso chegue em breve, assim como a primeira reforma do local. "O tatame já foi comprado pelo professor. Mas como vai reformar a sala, então vamos esperar para colocar",
explica Bruno.

O grande orgulho do professor é a perenidade do grupo. Segundo ele, a Ilha já teve outras modalidades de luta sendo ensinadas, como jiu-jitsu e capoeira, mas nenhuma teve uma sequência. Isso acontece porque a prática de esportes em Noronha depende muito de iniciativas pessoais, como foi a do mestre dele, Isaac, há 13 anos. "O karatê é o único que não parou por aqui. Os outros começam e terminam, não têm uma duração", afirma.

Os resultados, garante Bruno, são a prova do potencial esportivo de Noronha. O grupo é filiado a uma liga de karatê, a WK League. Nos campeonatos organizados pela liga, foram vários os títulos conquistados. Isso, claro, quando eles conseguem viajar para o continente para as competições. A administração geralmente consegue as passagens, mas, para os demais custos, é necessário recorrer ao empresariado local. "A gente pede de um, de outro. O pessoal ajuda, porque vê que tem resultado", conta.

A análise que Bruno faz dos esportes em Noronha não foge das demais ouvidas pelo Superesportes. A importância da atividades esportiva é clara, diante dos problemas que assolam a Ilha atualmente, como drogas e alcoolismo. Dar uma alternativa para as pessoas é necessário, mas, para isso, tem que haver mais incentivo. "Poderia haver mais incentivo para os esportes aqui em Noronha. Mas sei que para isso é preciso trazer pessoas que queiram trabalhar. A população aqui tem o interesse e tem potencial."

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